Publicidade na oferta de crédito (2016)

Na primeira etapa da pesquisa sobre a oferta de crédito de 2016, foram analisadas as publicidades em ambientes eletrônicos e presenciais de bancos grandes e médios e em financeiras independentes ou vinculadas a lojas de departamentos. O estudo apontou para um descomprometimento das instituições financeiras na avaliação das condições de crédito, projetando nas taxas de juros os riscos de inadimplência e induzindo o consumidor num ciclo vicioso de uso recorrente do crédito. 

Metodologia:

A pesquisa sobre publicidade na oferta de crédito foi realizada com 20 instituições financeiras e aponta a existência de discurso apelativo e de facilidades que expõem os consumidores ao risco de superendividamento. No estudo realizado entre 20 de março e 27 de abril de 2016, foram analisadas as publicidades em ambientes eletrônicos e presenciais de bancos grandes e médios e em financeiras independentes ou vinculadas a lojas de departamentos.

Resultados:

Na publicidade analisada através dos sites, agências e lojas de departamentos, o discurso observado faz uso da crise econômica para incentivar a contratação de crédito na renegociação de dívidas, baseadas em elevadas taxas de juros que alcançam até 919% ao ano. Assim, as instituições oferecem crédito para consumidores que já perderam a capacidade de pagamento e apresentam restrição nos serviços de proteção ao crédito.

Além das taxas de juros, algumas modalidades de crédito com desconto em folha de pagamento são ostensivamente oferecidas aos consumidores em vários canais de atendimento sem orientação sobre os riscos. Também há ostensiva publicidade com carência de orientações na oferta de novos cartões de crédito e nos saques no interior das lojas.

A precariedade das análises da capacidade de pagamento dos consumidores, associada ao baixo nível de conhecimento sobre educação financeira, resultam no endividamento e uso indevido do crédito. Nas lojas de departamentos, observou-se a sobreposição dos limites de crédito concedidos, incentivando o consumo por impulso, enquanto que nas instituições financeiras, a oferta é amplamente sustentada por linhas de crédito com garantias, elevadas taxas de juros e discursos que oferecem a realização de sonhos e pagamento de outras dívidas.

 

O estudo aponta para um descomprometimento das instituições financeiras na avaliação das condições de crédito, projetando nas taxas de juros os riscos de inadimplência e induzindo o consumidor num ciclo vicioso de uso recorrente do crédito.

Matérias na Revista do Idec - 2016

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