Financiamentos e investimentos no desmatamento da Amazônia e do Cerrado
O crescimento da área desmatada e os incêndios criminosos nos biomas brasileiros elevaram o alerta de perigo a patamares internacionais. Os números têm chamado a atenção da comunidade internacional para a adoção de medidas que contenham a escalada da atividade econômica ilegal em área de proteção ambiental.
O tema levou a novas reflexões: dada a fraqueza das medidas de combate por parte do governo, quais são as empresas que obtêm matéria prima oriunda da Amazônia e do Cerrado e como elas podem estar contribuindo para sua destruição? Quem são os financiadores dessas atividades econômicas? Há um ano, o “Dia do Fogo” colocou a Amazônia brasileira nas manchetes do mundo todo.
O protesto criminoso organizado por agropecuaristas via WhatsApp ainda não teve nenhum condenado.1 Desde então, alertas de desmatamento na Amazônia cresceram 34,5%.2 O fogo que se alastrou nos meses de agosto e setembro de 2019 contribuiu para que a área desmatada em 2019 no país somasse 1,2 milhões de hectares, mais de 60% deles só na Amazônia.3 Sabe-se também que 90% da vegetação primária perdida no país nos últimos 35 anos foi devido a atividades agropastoris4 , demonstrando a urgência de práticas mais sustentáveis nesse setor.
É de se pontuar que boa parte dos produtores agrícolas e pecuários estão em conformidade com a legislação ambiental e trabalhista. Um estudo recente identificou que 62% do desmatamento ilegal na Amazônia está concentrado em 2% das propriedades rurais.5 No entanto, o modelo predominante ainda é o de expandir a área de pasto e plantação em detrimento do aumento de produtividade, que pouparia a floresta.