A metodologia é constantemente aprimorada em diálogo com os bancos, que podem propor ajustes. Essas propostas são levadas ao FFI, que decide integrá-las ou não. A título de exemplo, em 2018 o Banco Safra sugeriu uma mudança na redação do elemento 1 do tema Impostos, mudança que foi aceita e incorporada na atualização de metodologia. Essa pequena alteração significou um aumento de  0,6 ponto na nota dos bancos brasileiros.

Os elementos de avaliação são formulados de forma a acompanharem o progresso das políticas do banco. Por isso há elementos que abordam questões mais triviais, de fácil integração; questões intermediárias, e, por fim, padrões mais avançados. Estes últimos demonstrariam já um comprometimento maior do banco com a responsabilidade socioambiental e seriam refletidos em uma nota mais alta.

A pontuação foi atribuída aos bancos de acordo com o conteúdo dos seus documentos públicos, que explicitam as políticas que traduzem sua responsabilidade socioambiental. 

Conforme já explicado, o Projeto Guia dos Bancos Responsáveis tem por objetivo avaliar tanto o nível de compromissos com questões ASG das políticas do setor bancário, como a prática das políticas. A análise das políticas é feita por meio do processo de estudo que resultou no presente relatório. Já a prática é avaliada por meio de estudos de caso e publicações de artigos sobre temas específicos que são publicados em nosso site.

Quer saber se os bancos cumprem aquilo que escrevem nas suas políticas? Nos estudos de caso do GBR você vai ver como eles as colocam em prática. Confira.

 

Esquema de pontuação

As políticas de responsabilidade socioambiental dos bancos foram avaliadas em temas, constatando-se a existência ou não, em cada uma delas, de elementos que medem a preocupação das instituições financeiras com os aspectos ASG de seus investimentos. Cada tema pode ter entre 10 e 33 elementos de avaliação, que compõem a média final no assunto. Ao fim desta seção apresentamos um exemplo hipotético similar à planilha por meio da qual a avaliação dos bancos é realizada.  

A pontuação dos bancos em cada tema é obtida a partir de suas notas em cada um dos elementos que a compõem. Para pontuar em um elemento, inicialmente verifica-se a presença do conteúdo do elemento de avaliação nas políticas do banco, concedendo então a Pontuação Básica, que é de 0 ou 1 (lógica booleana) e corresponde a 50% da nota final do elemento.

Os 50% restantes da nota de cada elemento dependem do Escopo da Política. É verificada a aplicabilidade da política do banco a quatro categorias de investimento, cada uma com 12,5% de peso: créditos corporativos, financiamento de projetos (project finance), gestão de recursos próprios e gestão de recursos de terceiros (asset management). A cada categoria de escopo em que a política for aplicável será atribuída nota 1. O escopo da aplicação de cada elemento é materializado no percentual chamado de Escopo da Política.

A metodologia do FFI analisa as políticas das instituições em quatro categorias de serviços financeiros:

  • Créditos corporativos: empréstimos e outras formas de crédito fornecidas pela instituição financeira a empresas, permitindo que estas financiem despesas de curto prazo e/ou investimentos de longo prazo. Créditos corporativos trazem uma taxa de juros e são garantidos por ativos específicos ou pelo balanço da empresa como um todo.
  • Financiamento de projetos (project finance): uma forma específica de crédito corporativo para financiamento de projetos industriais ou de infraestrutura específicos. Diferentemente dos créditos corporativos, o empréstimo é garantido pelo fluxo de caixa do projeto, e não pelas demonstrações financeiras da companhia envolvida no projeto.
  • Gestão de recursos próprios: instituições financeiras investem seu dinheiro em ações e em títulos corporativos ou soberanos, além de outras formas de securitização. Este investimento pode ser feito comprando ações individuais e títulos ou por meio de fundos de investimento. Esses investimentos são listados nas demonstrações financeiras da instituição.
  • Gestão de recursos de terceiros: instituições financeiras também podem oferecer soluções em aplicações, como fundos de investimento e fundos índices. Os clientes podem ser investidores institucionais ou pessoas físicas. Essa definição inclui toda espécie de administração de recursos de um cliente por uma empresa de serviços financeiros.

 

A atualização da metodologia do FFI em 2020 abriu a possibilidade de pontuação não booleana (0 ou 1) em casos excepcionais. Quando um elemento diz respeito a uma política interna do banco (operacional), ele geralmente não possui pontuação de escopo pois não se aplica às categorias de crédito e investimento. Assim, passou a ser possível atribuir nota 0,5 no caso da política do banco cobrir apenas parcialmente a exigência do elemento. Essa adaptação foi necessária para aumentar a precisão da nota nos casos em que não há aplicação da análise de escopo no elemento. 

Existe também uma coluna nomeada ‘Iniciativas e padrões aplicáveis’, onde é atribuída pontuação automática (1) caso o banco seja signatário ou tenha aderido a iniciativas internacionais como os Princípios do Equador, Pacto Global das Nações Unidas, Padrões de Desempenho da International Finance Corporation (IFC), entre outros. Mas, para garantir a pontuação automática na maioria dos padrões, é importante que o banco especifique a aplicação dos mesmos para além de suas operações internas, informando, por exemplo, que verifica a adequação das empresas apoiadas de acordo com tais diretrizes. Essa pontuação garante automaticamente um ponto de Pontuação Básica, além de garantir 1 ponto de escopo na categoria de investimento referenciada na política. O objetivo dessa pontuação é premiar o banco por incluir diretrizes internacionais em suas políticas, demonstrando seu comprometimento com as questões socioambientais relativas ao elemento em análise.

Há três temas cujo escopo da pontuação são diferentes. No tema Remuneração, as quatro dimensões de avaliação do escopo são, ao invés das modalidades de investimento, os grupos de colaboradores aos quais as políticas de remuneração são aplicáveis: todos os funcionários; conselho de administração; e diretoria executiva. Em Direitos do Consumidor e Inclusão Financeira, deixou-se de pontuar por escopo, a partir da atualização metodológica de 2020. Nestes temas há apenas a pontuação de conteúdo, que pode ser 1, 0,5 ou 0, conforme explicado anteriormente.

 

 

Para mais detalhes:

Versão executiva da metodologia 2022 - Em português

Versão executiva da metodologia 2020 - Em português

Metodologia do FFI 2020 na íntegra - Em inglês

Mudanças na metodologia em relação a 2018 - Em inglês