Idec realiza evento de divulgação do estudo sobre financiamento da cadeia da carne e seus impactos negativos
Debate aconteceu em São Paulo e contou com a presença de organizações e especialistas no tema
O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) realizou em São Paulo, o debate de divulgação do estudo “Financiamento da Cadeia da Carne: instrumentos regulatórios e do meio ambiente". O evento, que teve transmissão online, reuniu representantes da sociedade civil e especialistas no tema que falaram sobre a importância de uma regulação mais rigorosa para o financiamento dos bancos à agropecuária.
O encontro fortaleceu o debate da sociedade civil acerca do papel das instituições financeiras e regulamentadoras no âmbito da concessão de crédito para a cadeia da carne. Flavia do Amaral Vieira, pesquisadora e consultora em Direitos Humanos, e Junior Aleixo, pesquisador e especialista em justiça climática, destacaram a importância de pressionar por regras e regulamentações mais rigorosas quanto à concessão de crédito rural.
“Nesse cenário, qual o compromisso das instituições financeiras? É preciso realizar o mapeamento das instituições e da regulação do financiamento da cadeia da carne e dos atores envolvidos nas diferentes etapas de concessões do setor ", avalia Amaral.
Já Aleixo, explicou a diferença entre financiamento e financeirização na agricultura e destacou como o mercado de capitais está progressivamente se apropriando das terras brasileiras, inclusive com a entrada de capital estrangeiro, evidenciando tendências que podem ter impactos profundos na dinâmica do agronegócio.
A concessão de crédito para a cadeia da carne envolve diferentes atores em cada etapa da cadeia, seja fornecedores diretos e indiretos: pecuarista, frigorífico, varejista e clientes de diferentes tipos de financiamento. A partir das pesquisas em dados públicos não se encontrou um levantamento oficial ou guia de acesso a uma sistematização da legislação sobre concessão de crédito para a cadeia da carne.
Flávia enfatiza que é de responsabilidade do Conselho Monetário Nacional (CMN) atualizar as suas políticas de impedimentos sociais, ambientais e climáticos para crédito rural. “Para pecuaristas, frigoríficos, varejistas e instituições financeiras, recomenda-se que estabeleçam padrões de boas práticas e criem sistemas precisos de monitoramento e devida diligência sobre as declarações e informações sobre as concessões.”
O evento foi marcado por uma troca significativa de ideias e perspectivas, consolidando-se como um marco importante na discussão sobre o papel dos grandes bancos do financiamento no agronegócio. O estudo reforça a relevância de discutir questões socioambientais e profundas com toda a sociedade, reforçando a importância de fazer investimentos responsáveis.