Um a cada cinco consumidores não tem a reclamação solucionada por bancos, avalia pesquisa do Idec

09 junho 2022

 

Estudo analisou os índices de desempenho de canais de atendimento dos sete maiores bancos que atuam no Brasil

 

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) lançou nesta segunda-feira (16) um estudo em que analisa os índices de desempenho dos Serviços de Atendimento ao Consumidor (SACs) do setor bancário entre 2019 e 2021, antes e após a pandemia. A pesquisa evidencia que o significativo investimento na digitalização do atendimento do setor, após o início da pandemia, não foi acompanhado por uma melhora real da capacidade de resolução das demandas dos consumidores.

A pesquisa avaliou especificamente os canais de atendimento que possuem a atribuição de tratar as reclamações dos usuários dos sete maiores bancos comerciais que atuam no país: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander, Itaú, BTG Pactual e Safra.  

Dentre os dados analisados, verificou-se que o índice de solução das reclamações registradas junto aos Procons contra os sete maiores bancos comerciais apresentou uma queda média de 4,96 pontos percentuais -  de 78,18% em 2019 para 73,22% em 2021. Este índice mede “o percentual de demandas resolvidas pelo fornecedor”, quando ele recebe uma notificação feita pelo Sistema dos Procons (Sindec).

Já na plataforma Consumidor.gov.br, o índice de solução dos bancos subiu dois pontos percentuais no mesmo período, chegando a 78%. O que chama a atenção é que, embora o índice de resolutividade tenha melhorado em um dos canais analisados, aproximadamente um a cada cinco consumidores não tem a reclamação solucionada. 

A falta do atendimento humano e das agências físicas

A pesquisa ainda evidencia que na mesma medida em que os bancos anunciam a digitalização de seus canais de atendimento, agências e postos de atendimento presenciais estão sendo fechados. Dos sete bancos analisados, quatro fecharam filiais entre 2019 e 2021, representando uma redução de 2318 agências antes disponíveis aos consumidores.

Além disso, o estudo indica que são temerárias as mudanças trazidas no novo decreto do SAC, que, entre várias regras, prevê a redução do atendimento humano de 24 horas para apenas 8 horas diárias. Isso se deve em por conta do atendimento desempenhado por operadores humanos presencialmente ou via telefone cumprir um papel importante. O Idec vê este movimento com preocupação, uma vez que tende a ser mais prejudicial ao consumidor hipervulnerável, como os idosos, endividados e pessoas que não têm familiaridade com o uso de ferramentas digitais ou acesso facilitado à internet.

Os resultados dos bancos no estudo do Idec

As variações observadas nos indicadores permitem afirmar que dentre os sete bancos selecionados, Caixa, Bradesco e Santander foram os que demonstraram menor capacidade de implementação de melhorias no tratamento das reclamações dos consumidores realizadas no período pós-pandemia. Aliás, segundo dados do Sindec e Banco Central, esses bancos apresentaram queda na capacidade de solucionar reclamações.

Bradesco e Caixa também demonstraram queda no índice de solução da plataforma Consumidor.gov.br, ressaltando ainda mais o destaque negativo. 

Porém, ainda que com variações negativas, a Caixa apresentou os melhores indicadores na qualidade das ouvidorias do Banco Central e no índice de solução preliminar do Sindec. Com relação ao índice de solução do Consumidor.gov.br, a Caixa ocupou a segunda posição, logo atrás do banco Itaú, que apresentou o melhor desempenho nesta plataforma.

Em contrapartida, embora o BTG Pactual e Safra tenham apresentado melhorias significativas nos indicadores do Banco Central, é importante destacar que o desempenho apresentado por esses dois bancos, tanto em 2019 quanto em 2021, seguem sendo os mais baixos quando comparados aos demais bancos selecionados no estudo.

A pesquisa realizada pelo Idec utilizou como base de dados os relatórios de ouvidorias das sete maiores instituições financeiras que operam no Brasil, bem como as estatísticas disponibilizadas pelo Consumidor.gov.br​, Banco Central, Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor) e Sindec.

Acesse o estudo aqui