Abusos dos bancos contra idosos é tema do documentário “Covardia Capital”; assista

22 fevereiro 2019

Documentário do Instituto Defesa Coletiva retrata violência financeira com consumidor idoso no Brasil; há 62,6 milhões de endividados no País

A maioria dos brasileiros contrata créditos que não precisa ou que não pode pagar. Os motivos são muitos: desde a publicidade ostensiva do “crédito fácil” e falta de compreensão sobre o que os juros, até contratação por impulso.

Em alguns casos a situação é ainda pior: clientes são enganados e acabam contratando empréstimos sem mesmo saber que estão contratando. Essa é história do casal Marlene e Vicente e da senhora Maria das Graças, contada no documentário “Covardia Capital”, idealizado pelo Instituto Defesa Coletiva, o mais novo apoiador do Guia dos Bancos Responsáveis. O filme apresenta as famílias de aposentados que viram uma reviravolta nas suas vidas após atos de má-fé de funcionários de instituições financeiras.

O filme foi custeado com recursos de uma Ação Civil Pública proposta pelo Instituto Defesa Coletiva, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e Procon de Belo Horizonte. A ação foi realizada contra um banco em que funcionários identificados pelo uniforme “Posso Ajudar?” – munidos de cartão e senha dos clientes – realizavam operações de contratação e renovação de crédito consignado sem informações como condição. Após um acordo, o banco precisou desenvolver medidas protetivas aos consumidores idosos e/ou hipossuficientes sobre os riscos do crédito obtido de forma irresponsável.

Essa é uma situação comum entre muitas instituições financeiras, que se aproveitam da vulnerabilidade de certos grupos para aumentar as vendas, contrariando o Código de Defesa do Consumidor. Soma-se a isso a oferta indiscriminada de crédito, que acontece com maior frequência entre idosos, que passam a ser assediados quase que diariamente por correspondentes bancários com ofertas de crédito consignado.

“Os consumidores idosos e de baixa renda não tem discernimento para a leitura de um extrato, para entender o que é custo efetivo total, juros mensal e de mora. Muitas vezes, eles contratam empréstimo sem necessidade. De acordo com a pesquisa do INAF, apenas 7% das pessoas acima de 50 anos são capazes de interpretar textos e resolver problemas que exigem maior planejamento como cálculos de porcentagem e proporção, por exemplo”, explica Lillian Salgado Presidente do Instituto Defesa Coletiva.

"A 3ª idade deveria ser uma fase de melhor aproveitamento da vida. Infelizmente isso não acontece muitas vezes. Na maioria das vezes eles começam a contrair dívidas. Eles já são frágeis tanto emocional como fisicamente e essas dívidas vão fragilizando cada vez mais", comenta Daniela Galvão, médica geriatra convidada para falar no minidocumentário.

Para melhorar esse cenário, é preciso que a Câmara dos Deputados aprove o Projeto de Lei 4515, que pode aprimorar o Código de Defesa do Consumidor para regrar a publicidade de crédito e o processo de contratação. Além disso, são essenciais políticas de renegociação de dívidas por parte dos bancos antes que os clientes se tornem inadimplentes.

O documentário “Covardia Capital”, vencedor da categoria júri popular do Festival Internacional de Cinema de Trancoso, foi dirigido por Flávia Barbalho e Lilian Salgado e produzido pelo Instituto de Defesa Coletiva. Ele está disponível na na plataforma YouTube, confira!